sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Um carnaval sem festa...

Ao som do frevo alternativo do Bloco Papelão, crianças e adolescentes recolhem latinhas vazias jogadas no chão, pelos foliões durante o pré-caju. Os Policiais Militares (PM) responsáveis em encaminhar os meninos e meninas em situação de risco, para o Conselho Tutelar, não o fizeram.
Prova disso, é que o conselheiro tutelar Daniel Max garantiu, nessa segunda-feira, 14, para reportagem do Jornal do Dia, que “o levantamento dos casos atendidos durante a festa revela que não houve encaminhamentos de crianças e adolescentes que trabalharam durante a prévia carnavalesca”.
A exploração não foi noticiada em nenhum dos principais jornais impressos da capital, ao contrário, as machetes apresentaram títulos glamurosos, acompanhados de fotografias de foliões eufóricos e de famosos que conquistaram a adoração da massa popular e coloriram as folhas da imprensa.
Ouso dizer que o espírito carnavalesco distorceu a suposta idéia de um jornalismo com responsabilidade social. Pouco se pensou na mídia como instrumento mobilizador para a garantia dos direitos da criança e do adolescente.
O plano de ação conjunta que foi discutido em audiências conduzidas pelo Ministério Público, não conseguiu assegurar o que estabelece o Estatuto da Criança e do Adolescente, no art. 60 “é proibido qualquer trabalho a menores de dezesseis anos de idade, salvo na condição de aprendiz”.
Capacitar melhor a PM para operar no Carnajú 2008, pode ser uma alternativa, mas não suficiente para combater esse tipo de violência. É preciso uma política profunda que priorize o setor humano.
Um carnaval sem festa”. É o que resta para a infância e para a juventude em situação de vulnerabilidade social.

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Referências
Jornal do Dia, p. Cidades 05, Cássia Santana – 15/01
Art. 60 do Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA.

8 comentários:

Anônimo disse...

Tudo isso acontece por que no Brasil as leis são feitas para enfeites e não para serem cumpridas. No caso do ECA, a sua lei específica foi feita para enfeites carnavalesco, pelo menos em época de Pré-Caju. Digamos que a criança ali na avenida catando lata ou lixo, como queiram, é uma atração a mais.

Devemos lembrar que estamos num país capitalista onde o poder financeiro está acima de qualquer coisa, mesmo a lei se dizendo ser a suprema, onde nada a supera.

A verdade é que as autoridades numa clara demonstração de desrespeito ao ECA, preferem fechar os olhos para a exploração infantil do que colocar em risco a "boa fama" do Pré-Caju: a fama de que o evento gera riquezas para o Estado. Preferem alimentar uma falsa propaganda do que inibir a exploração infantil. Este é o país do faz de conta. Faz de conta que nada está acontecendo ou que ninguém está vendo.

Parabéns, Tamires, por você trazer um tema tão esquecido pela mídia e tão bem abordado por você.


Paulo Sousa - Jornalista.

Anônimo disse...

O espaço de detaque dado pela midia ao Pré-caju e a alegria que ele representa é justo, é válido e além de tudo, representa a realidade. Contudo, o espaço da crítica, da responsabilidade social, do compromisso com a sociedade e da transmissão da informação com imparcialidade também deve ser preservado.

As crianças e os adolescentes trabalharam livremente na prévia carnavalesca e com certza estarão presentes no Carnaju, no Forró Caju e em outras festas do tipo, pq faltam políticas públicas eficazes que os retirem das ruas, em definitivo.

O ECA precisa ser colocado em prática e cabe a imprensa cobrar isso!

Se todos juntos (tv, rádio, jornal, internet) se unissem por esse propósito e a sociedade organizada fizesse a sua parte, as coisas seriam diferentes.

Cabe tb a mim e a vc que visitamos esse blog e que comentamos com fervor e horror contra essa situação, nos posicionarmos e tomarmos alguma atitude frente ao descaso do poder público ante o número considerável de meninos e meninas que dormem e acordam nas ruas, fora da escola, distante do ceio familiar e a margem da sociedade e do sistema.

Anônimo disse...

isso foi pura verdade, eu estava presente e pude observar de perto todo esse acontecimento. Bom trabalho Tamires, reportagem 10!

E realmente é uma realidade que vivemmos. mas assim deste modo divulgando para todos como fez a nossa "jornalista" podemos mudar essa historia. Trabalho exelente Tamires e que voce continue assim... trazendo reportagens nao so para nos que participamos deste blog como todos os cidadãos de aracaju...

Sucesso na sua carreira!

Karliston Augusto - Estudante.

analise ia disse...

Quando se faz uma festa pensando apenas no lado econômico os resultados não são satisfatórios. AInda mais no Brasil, onde a lei se esbarra nas exessões das regras. QUanto ao blog, ta precisando de uma melhorada quanto ao visual, esse preto branco da agunía!
rsrsrsrsrs
abraços!

Antônio J. Xavier disse...

Excelentes textos...
Adorei saber que és sergipana (ou apenas mora em sergipe?)
Seu blog tem uma temática bem interessante e seus textos não pecam pela indiferença.
Admiro a sutileza na tomada de posição, preservando o sentido jornalístico das matérias, mas não fugindo à responsabilidade de posicionar-se.
Gostei mesmo.
Parabéns... pelo blog, pela iniciativa e pela excelente escrita!
Bjs,

Antônio J. Xavier disse...

É muito bom achar sergipanos na blogosfera... principalmente com uma "pena" como a sua.
Adorei mesmo seus textos e agradeço de coração os elogios à minha escrita.
Peco ainda por certos formalismos... culpa da minha formação acadêmica talvez. Mas aprecio o fato de ter obtido sua aprovação.
Bom... queria dizer que linkei seu blog e que voltarei mais vezes.
Bjos

Antônio J. Xavier disse...

No aguardo de mais uma pérola jornalistica...
Bjos

Unknown disse...

Sinceramente isso já é de se esperar pela mídia. Vender uma boa imagem do précaju como cartão postal. Quanto ao trabalho infantil, temos que observar um outro lado: muitas crianças e adolescentes fazem esses serviços de catadores por conta própria, para sustentar vícios próprios não sustentados pelos pais, como: videos games, bebidas alcóolicas, cigarros e entre outras drogas...