quinta-feira, 24 de abril de 2008

Reflexões sobre violência doméstica precisam vir à tona

Por Tamires Santos

Termina na próxima semana o prazo para a polícia concluir as investigações sobre a morte da menina Isabella Nardoni. Ela morreu no dia 29 de março após ser espancada, asfixiada e jogada da janela do 6º andar do prédio. O pai e a madrasta, Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá são os suspeitos do crime.

Ao retratar tantas vezes o assunto, faz-se um júri midiático, que atribui a sociedade o direito de “bater o martelo” e quase confere aos suspeitos a posição de “réus”. O tempo ancioso do jornalismo, parece não ser o mesmo tempo cauteloso necessário para o andamento dos inquéritos policiais.

Enquanto a mídia pressiona resultados de apenas mais um caso de violência contra o universo infanto-juvenil, muitas Isabellas são violentadas pela família, pela sociedade e pelo Estado todos os dias.

Profundas reflexões sobre a violência doméstica precisam vir à tona. Caso contrário, essa indiferença pode ser retribuída para a sociedade, por muitos meninos e meninas que têm seus direitos violentados.

Políticas públicas de combate a violência deveriam ser intensificadas pelo Estado e divulgadas pelos veículos de comunicação. Isso é também fazer bom uso do "quarto poder".
A sociedade não pode esquecer que as violações contra os direitos da criança e do adolescente são constantes. Tão constantes e tão repetitivas quanto a cobertura jornalística de algumas emissoras de televisão, ao tratarem de apenas um caso, em meio a um universo de meninos e meninas que gritam por socorro e padecem por falta de amor.

Se a violência continuar reinando, outras Isabellas correm o risco de desenvolverem comportamentos semelhantes aos de Cleverton Santos, apelidado de “Pipita”. Lembram? E o que fazer agora com as crianças que são violentadas com a mesma idade da Isabella e possivelmente até guardam para si o sentimento de desamor? E se outras crianças vítimas de violência desenvolverem a mesma conduta do adolescente Cleverton?

A psicologia explica que as vivências apreendidas durante a infância são registradas no subconsciente e marcam para sempre a personalidade de uma pessoa. E eu digo: a criança que é agredida hoje será o adolescente agressor amanhã.

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*A foto utiizada para compôr essa reportagem está disponível no site: http://kontrastes.org/retratos-sociais/infancia-roubada/ e não é de minha autoria.

terça-feira, 22 de abril de 2008

"Imprensa e democracia são irmãs siamesas", diz ministro

Por Tamires Santos


"Democracia é a menina dos olhos da Constituição". "É a massa de manobra no palco das decisões políticas". Essas frases pronunciadas salientam que no espaço democrático não deve haver mistérios entre o Jornalismo e o Direito e que a democracia deve vigorar nas duas áreas.
"A Lei de Imprensa soa como algo que inibe, constrange, ergue barreiras e se contrapõe à simbologia da Constituição", declarou o ministro em entrevista para o Jornal Cinform semanas atrás. E no tocante ao debate sobre poder judiciário e comunicação democrática, que aconteceu no período de 15 a 18, o Ministro do Supremo Tribunal Federal, Carlos Ayres Brito lembra que "a imprensa e a democracia são irmãs siamesas".
Para estreitar relações entre a imprensa e o judiciário, o seminário Poder Judiciário e Comunicação Democrática, teve como platéia jornalistas e radialistas sergipanos, como também estudantes de comunicação social.

Na ocasião, o ministro Carlos Britto lembra que uma imprensa livre é manejada com qualidade. Principalmente, quando não se limita a noticiar, mas também, analisa, comenta, censura, investiga e até denuncia desvios de conduta. Além da democracia, a ética também se tornou um valor essencial e planetário que deve moldar tanto o judiciário como também o trabalho jornalístico.

A Lei de Imprensa esteve no palco das discussões durante o seminário, representada pelo ministro como uma contraposição à Constituição, uma vez, que é inspirada em valores e desvalores da mesma. “A Lei de Imprensa foi aprovada em 1967, durante o chamado tempo de chumbo, e por isso, ela não pode vigorar mais igual”, declarou o ministro.

Praticar o Direito a luz da Constituição foi necessidade enfatizada por Carlos Brito. “O ser das coisas é o movimento. O observador atento ao objeto investigado reage de forma inédita e desencandea reações". Ao mencionar sobre a vocação de administrar a justiça, ele pontua: "O Direito não é só uma coisa que se sabe, mas algo que se sente”.
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* A foto utilizada para compôr esta reportagem não é de minha autoria. Ela está disponibilizada no site: http://decio.globolog.com.br/

segunda-feira, 21 de abril de 2008

Nos bastidores...

Foto: Marcelo Freitas







Por Tamires Santos

Caros leitores, não posso deixar de compartilhar com vocês, a minha primeira experiência como aprendiz de repórter. Neste texto, deixo a tal imparcialidade de lado. Essa foto foi em uma conferência ministrada pela secretária de comunicação do Estado, Eloísa Galdino. O evento aconteceu na sexta-feira, 18, como parte da programação da Semex. A primeira cobertura jornalística a gente nunca esquece. Antes que ela aconteça, a gente lembra de todas as “dicas” que memorizamos nas aulas da Universidade.

Neste dia, me convenci que o jornalista precisa reter o seu medo de errar. Sabia? Precisa ser uma pessoa muito bem resolvida, digamos assim. Eu já tinha acompanhado algumas gravações de alguns colegas da equipe do Unit Notícias, como produtora, mas a tensão aumenta quando a câmera e todas as pessoas ao redor te olham, só por quê você segura um microfone. É preciso agarrar-se na vontade maior de buscar e divulgar a informação, por quê alguém do outro lado, precisa ouvir o que o jornalista tem a dizer.

A entonação precisa fazer de uma simples frase, a grande notícia. A notícia que vai “segurar” o telespectador no sofá da sala. No meio de uma multidão é preciso reconhecer as fontes, formular bem a pergunta, posicionar bem o microfone, jamais tratar o entrevistado de “você”, e selecionar o quê de mais importante precisa ser narrado. Transmitir verdade, segurança, fidelidade e humildade ao entrevistar alguém. O jornalista é um pobre necessitado das suas fontes, digamos assim.

Teoricamente, é tudo muito simples. Mas, quando saímos dos bancos da universidade, e passamos a ser co-autores de uma reportagem, sentimos nossas pernas tremer. O amor pelo trabalho precisa ser mais forte para contê-las firmes. Respirar fundo é uma forma de convencer o cérebro que está tudo bem.

Enquanto a adrenalina pulsa forte, a fala do entrevistado pode ser uma “carona” para formulação de outra pergunta. Nesse momento, é preciso olhar nos olhos, mas sem tapar os ouvidos. Todos os seus sentidos devem se conectar com a grande “ágora” para que o jornalismo aconteça: a informação. É nela que o repórter deve pegar carona.

E por falar em carona, não poderia deixar de falar sobre o trabalho do cinegrafista. Ele é o grande companheiro. Sem ele, não existe o jornalismo de TV. Quem iria captar as imagens? Afinal, as imagens falam mais do que mil palavras, não é mesmo? Imagine ligar a televisão e só ouvir a voz do jornalista, sem imagens alguma.

É isso, leitores. Em meio ao fato, o jornalista age como interventor de uma realidade, mesmo sentindo o famoso friozinho na barriga. Em cada experiência dessas, é preciso se vestir de coragem para noticiar. Obrigada por "ouvir" o que tenho a dizer.