quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Segurança Pública é uma máscara para o flagelo da violência

Por Tamires Santos

Em Aracaju, a imprensa sergipana noticiou nesta quarta-feira, que foi encontrado as margens do Rio Sergipe, no bairro Coroa do Meio, o cash eletrônico do Banco do Brasil, roubado e extraviado, no último dia 07.

Já não deveria causar impacto, notícias que denunciam assaltos, homicídios, violência sexual, principalmente contra o universo infanto-juvenil, contrariando o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e a Declaração Universal dos Direitos Humanos.
A partir de amanhã, 10, a capital de Sergipe é cenário da maior prévia carnavalesca do Nordeste. A proposta da festa é oportunizar momentos de entretenimento, no entanto, a ocasião também é propícia para as ações violentas. Sabendo disto, o secretário de Segurança Pública, Kércio Silva Pinto, vai realizar uma ação preventiva intitulada “Operação Pré-Caju” que visa coibir o tráfico de drogas, e a violência no Estado, durante os quatro dias de festa.

Em audiência realizada na terça-feira, 8, no Ministério Público do Estado, a promotora de Justiça Conceição Figueiredo do Núcleo de Apoio a Infância e Adolescência (Naia), reuniu conselhos tutelares, e representantes da entidade SOS Criança e do Juizado da Infância e Juventude do Estado de Sergipe. O objetivo é discutir o trabalho preventivo em parceria para a garantia dos direitos da criança e do adolescente.

A segurança em Sergipe, embora se esforce, mal disfarça sua ineficiência. Indicar que as pessoas evitem andar em locais mal iluminados é uma das meras ações preventivas indicadas pela Polícia Militar. Dicas de prevenção apenas mascaram para a sociedade o dever do poder público em assegurar a iluminação como um direito pleno do cidadão. O curioso é que as operações de combate e prevenção à violência são tratadas como algo emergencial somente em ocasiões “festivas”.

Infelizmente, depois dos quatro dias de festas, o uso de entorpecentes e a violência voltam a ser um flagelo social enraizado no cotidiano. Não nos enganemos. Existe a violência enquanto existir a marginalização social. A marginalização social vai existir enquanto houver acentuadas desigualdades, que tornou-se comum por causa da má distribuição de renda. A pobreza gera cólera enquanto não houver investimento assíduo em educação de qualidade. É um ciclo selvagem. As medidas de prevenção são ralas e superficiais. São máscaras de prevenção e nada mais.

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Artigo publicado no site da 103 fm:
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