quinta-feira, 23 de novembro de 2006

Noite Clássica

Que eu me lembre nunca tinha assistido a apresentação de uma orquestra sinfônica, para melhor dizer, nunca desejei. Minha tia (e mãe ) é uma ouvinte fiel destas músicas que só se escutam instrumentos enquanto o vocalista apresenta-se mudo. Ou seja, todo o tempo.

Na verdade eu é que não tenho paciência e identificação cultural com tal estilo. Segundo o meu ponto de vista nada clássico, música que não “é cantada com palavras” nada me transmite. O fato é que em um belo dia ─ 22 de novembro de 2006 ─ justo no aniversário de “vinte e tantos anos” de casados dos meus tios, por honrosos motivos acadêmicos tive que dispensar a torta da baviera, que iria ser servida às 19:30 h por causa de uma bela coincidência! A necessidade de cobrir cobrir o evento para produzir um boletim informativo.

Lá estou na Sofise ─ sociedade filarmônica de Sergipe ─ juntamente com minha equipe de “focas” (foca, incluindo eu viu?). Estávamos todos vestindo terno e adereços, éramos vistos como os “jornalista de primeira” e fomos assim chamados, ou melhor, chamadas. Também neste mesmo dia em que inauguro meu 1º terninho, fui muito agraçiada por ter que esperar horas e horas de homenagens, dedicatórias, troca de cartas, de flores, e de microfone (pois só havia um) entre os fundadores e sócios da associação, e choros daqui e emoções dali...

Enquanto eu aguardava com uma expressão típica de uma jovem de 19 anos que veste um terno pela primeira vez, brindava minha noite ao ouvir os discursos que dizia que “ a música (erudita) é tão perfumada quanto os lírios do campo”, engraçado eu não sentir perfume algum quando finalmente às 21:30 a banda começou a se apresentar.

Eu “entrava no céu apulso” para conseguir fotografar a ilustre banda de música clássica. Tive que recorrer a equipe "foca" já que durante as minha tentativas a lente da câmara só fotografou cabeças e mais cabeças da terceira idade. Bem que o palco poderia ser mais alto, e bem que jornalista poderia ficar “chique” de tênis, meus pés já cor de rosa agradeceria por não estarem “atrepados”.

Prossegue a tal quarta-feira clássica e bastou eu encontrar uma cadeira vaga (não por que tinha muita gente, mas sim, pouca cadeira) para o auge do profundo sono me atingir. O meu consolo é que descobrir que “tantãn”, é um instrumento musical, isto acessando o “google” no dia anterior (terça-feira), pelo menos estava mais informada do que uma jornalista da Tv Aperipê já formada.
Era para ter conseguido uma entrevista com o fundador da banda, infelizmente o relógio marcou pouco mais de 22: 30 h e o auge da minha desobidiência com horário para chegar em casa, já tinha ultrapassado a quantidade de “broncas” que eu imaginei ouvir de forma nada clássica. Não sei o que se distancia mais do perfume dos lírios do campo. Música clássica ou ouvi minha tia discutindo por causa do horário.
"Não é no silêncio que os homens se fazem , mas na palavra, no trabalho, na ação-reflexão".
Paulo Freire.